Com subnotificações, Brasil tem mais de 900 mil casos de coronavírus

Nesta terça-feira (16), dia em que o país completa três meses da primeira morte pela doença, Brasil se aproxima da marca de um milhão de infectados: já foram registrados 923.189 casos e 45.241 mortes, segundo o Ministério da Saúde. Só no estado de São Paulo, foram registradas 365 novas mortes em 24 horas, o maior recorde desde o início da doença. Mundo ultrapassa barreira de 8 milhões de infectados

Sem método para rastreamento de novos casos e testes em massa, o Brasil assiste inerte a escalada do coronavírus. Dia após dia, a infecção se alastra por capitais e municípios diante de um silêncio cada dia mais preocupante do Ministério da Saúde, incapaz de apresentar um plano para conter o avanço da doença e salvar vidas. Nesta terça-feira (16), dia em que o país completa três meses da primeira morte pela doença, o Brasil se aproxima da marca de um milhão de infectados: já foram registrados 923.189 casos e 45.241 mortes, segundo a mais recente atualização do Ministério da Saúde. Nas últimas 24 horas, foram contabilizados 34.918 novos registros e 1282 óbitos.

Só no estado de São Paulo, foram registradas 365 novas mortes em 24 horas, o maior recorde desde o início da doença. São Paulo tem agora 190.285 casos – 8.825 em um dia – e 11.132 mortes contabilizados no Estado desde o início da pandemia. No planeta, as infecções pode Covid-19 já atingiram 8,2 milhões de pessoas. No total, 444.442 pessoas perderam a vida por causa da doença.

Um dado preocupante diz respeito às subnotificações: para cada 10 brasileiros mortos por causa da Covid-19, outras oito pessoas faleceram por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), de acordo com reportagem da revista ‘Piauí’.  Dados do Ministério da Saúde revelam que nada menos do que 23 mil pessoas perderam a vida em decorrência da síndrome até o início de junho.  Só no Mato Grosso, 87 pessoas morreram para cada 10 vítimas fatais da Covid-19. Uma informação indica a alta probabilidade de as mortes serem casos de Covid-19 não notificados: tanto nos casos de morte pelo vírus quanto por SRAG, 7 em cada 10 vítimas tinham mais de 60 anos. No ano passado, a média era de 4,6 para cada dez mortes or SRAG.

O desconhecimento quanto ao avanço real da doença dificulta projeções de quando será o pico do coronavírus no país. Algumas estimativas apontam que há regiões ainda muito distantes de atingirem o pico. A Fundação Getúlio Vargas (FGV) prevê , por exemplo, que o estado do Piauí só deve chegar ao pico de contaminações em setembro. O índice de isolamento no estado segue a tendência nacional, em torno de 39%, segundo o portal Covid Mapbiomas.

As projeções para o estado foram apresentadas pelo pesquisador da FGV, Eduardo Massad, ao governador Wellington Dias (PT). Como o estado possui uma taxa de ocupação de leitos relativamente sob controle – o índice está em torno de 62% – Massad afirmou que as medidas adotadas pelo governo permitem discutir sobre uma reabertura gradual e cautelosa. Dias, no entanto, adiou uma flexibilização das medidas de isolamento social.

“No último final de semana, não obtivemos uma boa taxa de isolamento e isso é grave, pois estamos tendo um crescimento no número de óbitos, exigindo uma atenção maior, já que temos um problema nas condições para implantação de novos leitos e na contratação de novos profissionais”, afirmou o governador. “Isso nos impõe ainda a necessidade de um diálogo para encontrar uma solução e evitar o colapso”, ressaltou Wellington Dias, lembrando ainda a dificuldade na aquisição de medicamentos.

Eficácia das máscaras

Como o quadro epidemiológico evidencia, especialistas apontam que a única maneira de segurar o avanço da pandemia é o distanciamento e a proteção máxima em áreas públicas, com uso de máscaras e produtos para a higienização das mãos. Um estudo produzido pelas universidades de Cambridge e Greenwich, na Inglaterra, sugere que o uso de máscaras, combinada à prática da quarentena, pode impedir o aparecimento de novas ondas virais. segundo os cientistas, mesmo máscaras caseiras dificultam a transmissão da doença.

O estudo constatou que o uso de máscaras sempre que pessoas estiverem em público é duas vezes mais eficaz na redução do valor de R – a taxa de transmissão – do que se as máscaras forem usadas somente após o aparecimento de sintomas de Covid-19. “Temos pouco a perder com a ampla adoção de máscaras faciais, mas os ganhos podem ser significativos”, disse Renata Retkute, médica e co-autora do estudo e integrante  da equipe de Cambridge, em comunicado à imprensa.

No Brasil, apesar de alguns estados terem adotado o uso obrigatório de máscaras, com a aplicação de multas para quem não cumprir a determinação, parte da população insiste em se expor ao risco de contaminação. Epicentro da doença no mundo, os EUA exibem comportamento semelhante. De acordo com uma pesquisa do Instituo Gallup realizada em abril, apenas 36% dos americanos disseram que sempre usavam uma máscara enquanto estavam fora de casa, com 32% relatando que usavam às vezes e 31% dizendo que nunca usavam.

Vacina

Uma notícia promissora foi divulgada nesta terça-feira pelo governo britânico, que anunciou que o Imperial College London iniciará ainda esta semana os testes para uma potencial vacina contra a Covid-19 em 300 voluntários.

“Isso nunca foi feito antes com este tipo de vacina”, afirmou o pesquisador Robin Shattock, do Departamento de Doenças Infecciosas da Imperial College e que está à frente da equipe de pesquisadores. “Se a nossa abordagem funcionar e a vacina fornecer proteção eficaz contra a doença, ela poderá revolucionar a forma como responderemos a surtos no futuro”, disse Shattock, em nota à imprensa, referindo-se à velocidade com que os pesquisadores conduziram os estudos, que levaram cerca de 90 dias. O governo britânico investiu cerca de  41 milhões de libras  no desenvolvimento da vacina.

Caso a vacina apresente com segurança uma resposta imune promissora em seres humanos, uma nova fase de testes pode começar no final do ano com cerca de 6000 voluntários saudáveis. “A pandemia do COVID-19 já matou milhares de vidas e teve um enorme impacto na vida cotidiana. A longo prazo, uma vacina viável pode ser vital para proteger os mais vulneráveis, permitindo que as restrições sejam atenuadas e ajudando as pessoas a voltar à vida normal”afirmou o cientista.

Medicamento

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) anunciou nesta terça-feira que o uso da dexametasona pode reduzir a mortalidade de pacientes com casos considerados graves. “Temos o primeiro tratamento farmacológico para covid-19 que mostrou impacto em reduzir a mortalidade. Finalmente temos uma boa nova”, diz a nota da entidade.

A nota foi divulgada depois que a Universidade de Oxford publicou um estudo com resultados preliminares apontando que o uso do medicamento demonstrou redução de um terço da mortalidade em pacientes submetidos com ventilação mecânica. Este é um dia histórico no tratamento da covid-19″, afirmou Clóvis Arns da Cunha,  presidente da SBI.

Da Redação

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