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EconomiaGlobal

Pandemia pode aumentar disparidade entre gêneros, alerta FMI

21 de julho de 2020

Principal motivo é que as mulheres trabalham mais em setores fortemente afetados pela crise, como serviços, varejo e turismo. No Brasil, 67% das mulheres atuam em setores que não permitem o teletrabalho.

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Mulher usa máscara de proteção e escudo facial de plástico. Ela está em frente a uma prateleira de livros.
Mesmo com a retomada da economia, mulheres têm mais dificuldade em conseguir empregos em tempo integral. Foto: Getty Images/AFP/K. Kudryavtsev

A crise econômica provocada pela pandemia de covid-19 pode comprometer o progresso feito pelas mulheres nas últimas três décadas para reduzir a disparidade econômica entre os gêneros, alertou o Fundo Monetário Internacional (FMI) nesta terça-feira (21/07). De acordo com a entidade, são quatro os principais motivos que fazem com que as mulheres sejam mais afetadas do que os homens pela crise que gerará uma contração do Produto Interno Bruto (PIB)  global de 4,9%. O principal deles é que elas ocupam mais cargos em setores fortemente afetados pelo confinamento, como serviços, varejo e turismo.

Em um texto no blog do FMI, a diretora-geral da instituição, Kristalina Gueorguieva, e outras quatro colegas, destacam que, no Brasil, 67% das mulheres atuam em setores que não permitem o teletrabalho. Já nos Estados Unidos, 54% estão nessa situação e o desemprego entre as mulheres americanas de abril a junho deste ano foi dois pontos percentuais superior ao dos homens.

O segundo motivo que prejudica as mulheres é que elas atuam mais em empregos do setor informal em países de baixa renda. Nessa situação, elas têm salários mais baixos e não têm proteção de leis trabalhistas nem de benefícios, como pensões ou seguro de saúde. Além disso, a informalidade foi fortemente afetada pela crise. Na Colômbia, a pobreza aumentou 3,3%  entre as mulheres. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que a pandemia fará com que 15,9 milhões de pessoas passem a viver na pobreza na América Latina e no Caribe, elevando o total para 214 milhões, grande parte mulheres.

O terceiro motivo destacado pelo FMI é que as mulheres assumem mais o trabalho doméstico não remunerado. Elas costumam exercer essas atividades, em média, 2,7 horas por dia a mais do que os homens. Além disso, carregam o peso de assumir as responsabilidades familiares resultantes das medidas de confinamento, como o fechamento de escolas e o cuidado de pessoas idosas.

Como quarto motivo, o FMI aponta que, normalmente, pandemias fazem as mulheres correrem mais risco de abandonar os estudos. Em muitos países em desenvolvimento, as meninas são forçadas a deixar a escola e trabalhar para complementar a renda familiar.

Mesmo que a situação melhore com a reabertura da economia, a situação segue mais complicada para as mulheres do que para os homens, já que elas têm mais dificuldade em conseguir um emprego em tempo  integral. Para que o retrocesso não seja tão grande, o FMI afirma que é crucial que os formuladores de políticas públicas adotem medidas para limitar os efeitos assustadores da pandemia nas mulheres.

Entre as medidas que podem ser tomadas, estão a extensão do apoio à renda para os vulneráveis, a preservação de vínculos empregatícios, o incentivo ao equilíbrio das responsabilidades no trabalho e nos cuidados com a família e a expansão ao apoio às pequenas empresas.

LE/afp/ots

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