Vendas de produtos de higiene e limpeza disparam nos supermercados

18 de março de 2020 às 0h19

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A corrida aos supermercados gera falta de produtos higiênicos nas prateleiras | Crédito: Luciana Montes

As incertezas relacionadas à disseminação do novo coronavírus (Covid-19) já promovem uma corrida aos supermercados no Estado, sobretudo em busca de produtos de higiene pessoal e limpeza.

Para se ter uma ideia, a rede de supermercados Bahamas, com forte presença no Triângulo Mineiro e na Zona da Mata, viu as vendas de álcool em gel aumentarem 4.100%, passando de 1.000 unidades vendidas na primeira quinzena de março do ano passado para 42 mil unidades em igual período deste ano.

As comercializações de papel higiênico nas unidades da marca, por sua vez, aumentaram 123% em três dias entre a semana passada e esta semana (sábado, domingo e segunda-feira) e as de sabonete líquido cresceram 190% também nesses três dias. Apesar desse cenário, as principais entidades do setor negam o risco de desabastecimento de produtos.

O presidente do Bahamas, Jovino Reis, destaca que a rede não estava preparada para essa demanda tão grande. Ele conta que a empresa se programou desde o mês passado para ofertar uma boa quantidade de álcool em gel, mas, mesmo assim, a reposição do item não é tão fácil, pois depende da produção industrial. A saída foi limitar a compra de três embalagens do produto por pessoa – até para evitar a compra e revenda por ambulantes, a preços bem mais elevados.

Em Belo Horizonte, a situação não é tão diferente. Apesar de o DIÁRIO DO COMÉRCIO ter tentado contato com grandes redes de supermercados mineiras, que preferiram não se manifestar acerca do assunto, percorremos alguns estabelecimentos da Capital. Em muitos deles, já é possível perceber a diminuição de vários itens nas prateleiras, com ênfase para os de higiene. Além disso, um aumento nos preços já é apontado pelos consumidores.

Excesso de demanda – O coordenador do curso de economia do Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (Ibmec), Marcio Salvato, ressalta que essa elevação nos valores dos produtos é, inclusive, um comportamento esperado e não tem a ver com o desejo de lucrar em cima da tragédia ou do pânico da população.

“O excesso de demanda exerce uma pressão sobre o preço para cima. Não é a busca incessante pelo lucro. Para que o produtor consiga produzir mais, vai funcionar com turnos a mais, o custo de produção vai subir e, mesmo assim, pode não conseguir produzir para todo mundo”, destaca ele.

A tendência, de acordo com Marcio Salvato, é que se permanecer a alteração da demanda não prevista pela oferta, os preços dos produtos que estão sendo repostos cheguem alterados às gôndolas. No entanto, frisa ele, voltarão ao normal quando passar a “febre do consumo”.

Entidades negam risco de desabastecimento

O presidente-executivo da Associação Mineira de Supermercados (Amis), Antônio Claret, afirma que, mesmo diante das incertezas provocadas pelo Covid-19, não existe, por ora, riscos de desabastecimento de produtos. O único item com maior dificuldade de reposição, diz ele, é o álcool em gel, que teve o seu consumo bastante acentuado. “Estamos conversando com fornecedores, tentando ver o que pode ser feito”, afirma.

De acordo com ele, os fornecedores dos demais produtos não estão tendo dificuldades de fazer entregas e os supermercados já trabalham com estoques para determinado prazo. Contudo, toda a situação está sendo monitorada. “O momento exige cuidado. Estamos atentos”, destaca.

A Ceasa Minas, em nota, também negou o risco de desabastecimento no momento. “Os dados mais recentes mostram que a oferta dos produtos está normal na Ceasa Minas e, portanto, ainda não foi observada nenhuma influência do coronavírus nesse sentido. A empresa reforça que estão mantidas todas as atividades necessárias à comercialização em suas seis unidades (Contagem, Uberlândia, Juiz de Fora, Governador Valadares, Caratinga e Barbacena)”.

Comitê de crise – A Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) também informou, em nota, que criou e opera, desde a semana passada, um comitê de crise em parceria com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e a Associação Paulista de Supermercados (Apas) para acompanhar, todos os dias, a situação de abastecimento de alimentos no Brasil.

“O monitoramento está sendo feito diariamente por videoconferência entre representantes das Associações, para atualizações sobre a situação nos pontos de vendas de alimentos (mercados, supermercados e hipermercados), com o objetivo de minimizar os impactos, dar mais agilidade na identificação de possíveis problemas e no encaminhamento de soluções”, diz o conteúdo.

A entidade afirma que a logística de abastecimento segue dentro da normalidade, bem como os estoques, e não há riscos imediatos de ausência de alimentos no Brasil. “De acordo com a Abras, os supermercados estão preparados, inclusive, para aumentar o abastecimento, caso seja necessário, como já ocorre em datas sazonais”, destaca a nota.

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