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Caso Moïse: 'Xenofobia brasileira está vinculada ao racismo', diz ativista

Colaboração para o UOL

02/02/2022 19h07

A diretora da Anistia Internacional Brasil, Jurema Werneck, falou hoje durante participação ao UOL News sobre a morte do congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, de 24 anos. Ele foi espancado até a morte na noite de 24 de janeiro em um quiosque na orla da Barra da Tijuca, na zona oeste do Rio, onde trabalhava servindo mesas. Segundo ela, a xenofobia brasileira está vinculada ao racismo.

"O estrangeiro que tem pele clara não vai ser tratado como igual, mas os que têm pele escura são tratados como seus nacionais de pele escura: com violência e exclusão", avaliou.

Jurema lembrou que todos os cargos de poder aqui no país são de descendentes de italianos, suíços e alemães. Em contrapartida, haitianos, angolanos, senegaleses, bolivianos e peruanos, por exemplo, não experimentam a mesma coisa. "Eles são rechaçados o todo tempo", afirmou.

A ativista também disse que os brasileiros gostam de dizer que o país é "tropical, abençoado por Deus", e que o Rio de Janeiro celebra a "carioquice", mas se a pessoa é negra e vive na cidade, sabe que o país não é hospitaleiro.

"Esse país não recebe nem seus nativos, porque o genocídio acontece aqui, o crime contra humanidade acontece aqui."

Três homens identificados como os agressores do congolês foram detidos ontem pela Polícia Civil.

A vítima chegou a ter pés e mãos amarrados com uma espécie de corda depois de sofrer uma série de agressões. O rapaz foi atendido pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) no local, mas não sobreviveu. Segundo a Polícia Militar, ele foi encontrado no chão, com as mãos e pés amarrados.