28/12/2016 09h31 - Atualizado em 28/12/2016 09h31

Calçadão da Gameleira foi primeira rua de Rio Branco, diz historiador

Capital do Acre completa 134 anos nesta quarta-feira (28).
‘Árvore centenária é testemunha da história de Rio Branco’, diz Vinícius.

Iryá RodriguesDo G1 AC

Calçadão da Gameleira à margem do Rio Acre foi primeira rua da capital acreana Rio Branco (Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal)Calçadão da Gameleira à margem do Rio Acre foi primeira rua da capital acreana Rio Branco (Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal)

A história de Rio Branco começou a partir de uma árvore centenária que fica à margem direita do Rio Acre. Em 1882, Neutel Maia se encantou com a Gameleira e lá resolveu fundar o seringal Volta da Empreza, que viraria a capital acreana. O local se tornou a primeira rua de Rio Branco, hoje chamado de Calçadão da Gameleira e, em 1981, foi tombando como monumento histórico. Nesta quarta-feira (28), a cidade comemora 134 anos.

O historiador Marcus Vinicius contou que, segundo as memórias do início da história de Rio Branco, Neutel Maia subia o Rio Acre em busca de um local para construir o seringal quando a árvore chamou a atenção dele. Segundo ele, a Gameleira se tornou um marco inicial da cidade, ainda como Seringal Volta da Empreza.

“Então, Maia associou duas coisas, o estirão do rio, que hoje é o Calçadão da Gameleira que divide o primeiro e segundo distrito, e a grande árvore, logo no início desse estirão, para atracar o vapor. Foi a partir desse lugar que começou a se formar a primeira rua da cidade. Originalmente era chamada de Rua Abunã, depois Rua 17 de Novembro e agora Eduardo Assmar”, contou o historiador.

Os monumentos do Calçadão da Gameilera em forma de relevos, de acordo com Vinícius, foram construídos durante a gestão do prefeito de Rio Branco Jorge Kalume, eleito em 1988. O historiador afirmou que os edifícios foram pensados para contar um pouco sobre questão da subida do Rio Acre, da fundação do seringal e depois a cidade de Rio Branco. Além de casarões, o local concentra bares e o primeiro cinema do Acre, Cine Teatro Recreio, antigo Cine-Eden.

“O interessante é que essa árvore ainda está viva. Ela assistiu a fundação do seringal, da primeira rua, os combates da Revolução Acreana, depois 'viu' Rio Branco se tornar a capital do território federal do Acre e depois do estado e viu ela se tornar a maior cidade do Acre. É uma testemunha privilegiada de toda história de Rio Branco e nós somos os privilegiados em tê-la ainda contando essa história para a gente”, disse Vinícius.

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Morador do Calçadão há 40 anos diz que pior parte de viver no local é passar por enchentes do Rio Acre (Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal)Morador do Calçadão há 40 anos diz que pior parte de viver no local é passar por enchentes do Rio Acre (Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal)

'Pior parte é durante enchente', diz morador de Calçadão há 40 anos
Para o professor Gregory Hermando, de 62 anos, a pior parte de morar no Calçadão da Gameleira é ter que passar pela enchente do Rio Acre, que muitas vezes, acaba atingindo as casas. Segundo ele, que mora no local desde 1978, já foram três grandes enchentes ao longo dos quase 40 anos.

“Já suportei três grandes enchentes, a mais recente em 2015, a anterior de 1997 e a de 1988 que já estávamos aqui. Essa é a pior parte de morar na região com certeza. Grande parte da história da minha família foi vivida nesta casa”, contou Hernando, que foi morar no local com pouco mais de 20 anos.

Sobre como era o Calçadão antes de ser revitalizado, ele afirmou que sempre era cheio de casas antigas, feitas de palafita. “Aqui existia um casario muito feio. Eu vi um sonho meu realizado, hoje temos uma visão panorâmica de muita amplitude”, disse.

Hernando afirmou que não sabe exatamente em que ano a casa foi construída. “Essa casa pertenceu ao meu avô materno que era Amadeu Rodrigues Barbosa e antes dele, pelo que minha mãe me contou, pertenceu ao senhor Guilhermino Bastos, que teria sido quem a construiu. Em uma das escadarias de pedra tem uma inscrição que data 1930, mas não sei se foi o ano da conclusão da obra ou do início”, contou.

Calçadão da Gameleira à margem do Rio Acre foi primeira rua da capital acreana Rio Branco (Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal)Calçadão da Gameleira à margem do Rio Acre foi primeira rua da capital acreana Rio Branco (Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal)

Espaço de cultura e turismo
Após ser revitalizado em 2002, segundo informações da Fundação Elias Mansour (FEM), o Calçadão da Gameleira também virou palco de atrações culturais, de lazer, atividades físicas e turismo. A presidente da fundação, Karla Martins, afirmou que o local é usado para ações que atendem a uma demanda da sociedade acreana.

“Antes da revitalização, era uma espaço muito triste de se lembrar e hoje é um espaço simbólico para a cidade de Rio Branco. É um local que resgata o passeio na beira do rio, que tinha sido perdido, depois que as cidades deram as costas para o rio. Hoje é um espaço mais ocupado e é um ponto turístico importante do estado”, finalizou Karla.

Local é um dos principais pontos turísticos de Rio Branco (Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal)Local é um dos principais pontos turísticos de Rio Branco (Foto: Arthur Santos/Arquivo pessoal)

 

 

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