Na ânsia de frear AMD, Intel está tomando medidas “semidestrutivas”, diz analista

Na ânsia de frear AMD, Intel está tomando medidas “semidestrutivas”, diz analista

No final do terceiro trimestre de 2022, 53% da receita da Intel veio da sua divisão Client Computing Group (CCG). Essa parcela é referente ao montante de produtos voltados aos computadores pessoais e notebooks. Chips para o consumidor final. Neste universo, a Intel tem como concorrentes diretos a AMD, e também a Apple. A antiga parceira da gigante de Santa Clara virou o mais novo problema, já que está apostando, e de maneira absolutamente certeira, em seus próprios processadores.

Em meio a uma forte concorrência, com a retomada competitiva da AMD que vem sendo construída desde 2017 com o lançamento dos Ryzen, a consolidação da Apple na produção dos seus próprios chips, e as flutuações do mercado de PCs, que fechou 2022 com queda de 16,5%, estão impulsionando estratégias arriscadas pela Intel para tentar se manter forte nessa faixa de mercado que é tão significativa para sua receita.

Deixando um pouco de lado a Apple, que, equipa seus chips apenas em seus próprios produtos, a Intel vem tentando fechar o cerco contra a AMD, de uma forma que Stacy Rasgon, analista da Bersntein Research, entende como atitudes “semidestrutivas. Rasgon destaca que a Intel embarcou em uma operação de larga escala para desacelerar o progresso da AMD no mercado de PCs.

Segundo Stacy Rasgon, o mercado está mais cauteloso sobre a dinâmica do segmento de computadores, em parte pelas próprias perspectivas atuais, que não são otimistas, além forma como a Intel vem atuando nos bastidores nos últimos tempos para estagnar a concorrência.

A Intel ampara sua estratégia de risco em três grandes pilares: capacidade de produção, a negociação de preços e os laços estreitos com os maiores players do mercado. Comparado com a AMD, a Intel mantém uma característica, que também é um legado histórico da companhia, o controle da produção dos processadores.

Enquanto a AMD recorre a soluções como da TSMC, a Intel ainda concentra boa parte de sua força em desenvolver os seus próprios chips. Esse trunfo também já virou um problema. A Intel enfrentou momentos catastróficos durante a transição de 14nm para 10nm. Panorama que fez que a empresa optasse por aumentar sua relação com a terceirização de chips, com parceiros como a TSMC. Mas, a Intel segue como uma fabricante legítima de chips.

O controle da produção também permite que a Intel possa fazer negociações arriscadas, mas que estejam dentro dessa estratégia da companhia de impedir que a AMD ganhe terreno. A duradoura relação com os principais integradores de computadores, fortalecidas nos anos que a AMD esteve capengando no mercado, também jogam a favor da Intel.

A perspectiva da Rasgon parece chegar a seguinte conclusão sobre o que a Intel anda fazendo: não importa o quanto eu me prejudique se eu conseguir minar mais o concorrente. “Naturalmente, isso também prejudicará a Intel, mas como a economia deles já está em queda livre, talvez eles não se importem mais tanto “, afirma Rasgon.

Evidentemente, bons produtos também auxiliaram a Intel nos últimos tempos. A companha conseguiu emplacar duas boas gerações de chips, Alder Lake e Raptor Lake, o que contribuiu para que a sua participação de mercado fosse elevada, somado a todas as questões anteriores mencionadas.

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Com a Apple na jogada, a quota de mercado será ainda mais diluída, o que também reduz as margens de lucro. O tiro da Intel pode sair pela culatra. Também incomoda bastante a Intel a excelente aceitação que a AMD tem tido no segmento de chips topo de linha, aquele em que os lucros são maiores. No entanto, a AMD também  segue num dilema.

Embora performe muito bem no segmento de data centers, com sua linha EYPC, está perdendo fatia de mercado no segmento de PCs, e a linha Ryzen 7000 também não emplacou. Mesmo com cortes nos preços, segundo dados da varejista alemã Mindfactory, as vendas de Ryzen 7000 representam apenas 15% dos chips vendidos pela companhia. A AMD segue dominando os números de receita e unidades vendidas na Mindfactory, porém, os dados também mostram que a Intel apresentou em novembro de 2022 seu maior número de unidades vendidas na loja desde 2018.

A Intel segue avançando no seu plano de expansão. A companhia anunciou investimento de mais de US$ 100 bilhões em novas instalações nos Estados Unidos e também na Europa, além de compartilhar metas ousadas para o futuro, como a promessa de entregar processadores com até 1 trilhão de transistores até 2030. Perspectiva alinhada com os investimentos da empresa em seguir promovendo saltos tecnológicos.

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Editor-chefe no Hardware.com.br, aficionado por tecnologias que realmente funcionam. Segue lá no Insta: @plazawilliam Elogios, críticas e sugestões de pauta: william@hardware.com.br
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