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Declarações de Bolsonaro em resposta a Michelle Bachelet geram críticas

Declarações de Bolsonaro em resposta a Michelle Bachelet geram críticas

Autoridades do Brasil e do Chile repudiaram declarações do presidente Bolsonaro em resposta à comissária das Nações Unidas para direitos humanos, Michelle Bachelet.

A ex-presidente do Chile Michelle Bachelet falou em Genebra, na Suíça. Questionada sobre direitos humanos e democracia no Brasil, a alta comissária da ONU para os Direitos Humanos respondeu que “nos últimos meses, observou uma redução do espaço cívico e democrático, caracterizado por ataques contra defensores dos direitos humanos, restrições ao trabalho da sociedade civil e ataques a instituições de ensino”.

Bachelet acrescentou que, desde 2002, o Brasil é um dos cinco países do mundo com o maior número de assassinatos de ativistas de direitos humanos. Segundo ela, de janeiro a junho, pelo menos oito ativistas foram mortos.

Bachelet disse ainda que é visível um considerável aumento na violência policial em 2019, em meio a um discurso público que legitima execuções sumárias e a ausência de responsabilização.

O presidente Jair Bolsonaro rebateu logo cedo na porta do Palácio da Alvorada. Ele mencionou o pai de Michelle Bachelet, morto na ditadura chilena: “Está acusando que não estou punindo policiais que estão matando muita gente no Brasil. Essa é a acusação dela. Ela está defendendo direitos humanos de vagabundos. Ela critica dizendo que o Brasil está perdendo seu espaço democrático. Senhora Michelle Bachelet, se não fosse o pessoal do Pinochet derrotar a esquerda em 73, entre eles seu pai, hoje o Chile seria uma Cuba. Eu acho que não preciso falar mais nada para ela”.

O pai de Bachelet, general Alberto Bachelet, foi torturado e morto durante a ditadura de Augusto Pinochet, que começou em 1973 e terminou em 1990. Números oficiais atestam que mais de três mil pessoas morreram nesse período. Três coronéis foram sentenciados pela morte por tortura de Alberto Bachelet. A própria Michelle Bachelet e a mãe também foram torturadas na época.

As declarações de Jair Bolsonaro provocaram reações dentro e fora do Brasil. No Chile, parlamentares tanto de esquerda quanto de direita manifestaram repúdio aos ataques contra Bachelet. Ela mesma não voltou a falar.

O porta-voz do escritório do Alto Comissariado da ONU para os Direitos Humanos em Genebra, Rupert Colville, disse que geralmente a entidade não responde a esses tipos de comentários, “por mais imprecisos ou desagradáveis que possam ser”.

O presidente chileno, Sebastián Piñera, disse que, “sem prejuízo dos diferentes pontos de vista em relação aos governos das décadas de 70 e 80, essas visões devem ser expressas com respeito às pessoas" e que, por isso, não compartilha do que Bolsonaro falou a respeito de uma ex-presidente do Chile, especialmente num tema tão doloroso como a morte de seu pai”.

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