• Paulo Gratão
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Ninguém na família Teixeira é formado em medicina, mas a saúde é o principal ofício há mais de vinte anos, desde antes da fundação da Clínica da Cidade, na periferia de Campinas (SP), em 2003. Hoje, a rede é uma franquia com quase 60 unidades, entre inauguradas e negociadas, em dez estados brasileiros e prestes a faturar R$ 54 milhões em 2021. Depois do crescimento meteórico na pandemia, a família resolveu mirar cidades menores, com uma franquia mais barata, e acelerar o crescimento.

A família dona da Clínica da Cidade: Rafael Teixeira, Daniela Teixeira, Claudia Teixeira e José Teixeira (Foto: Divulgação)

A família dona da Clínica da Cidade: Rafael Teixeira, Daniela Teixeira, Claudia Teixeira e José Teixeira (Foto: Divulgação)

O casal fundador, Cláudia Teixeira, de 68 anos, e José Carlos Teixeira, 69, trabalhava com credenciamento médico para planos de saúde. Com o tempo, acabaram vendo a oportunidade de criar uma clínica que atendesse pacientes que estão entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e as clínicas particulares, e que não tinham plano de saúde. “Conseguimos trazer os médicos que já nos conheciam desde a época do credenciamento e que gostavam de trabalhar conosco”, afirma Rafael Teixeira, de 37 anos, um dos filhos do casal e atual CEO da empresa. A irmã dele, Daniela, 43, também é sócia do negócio.

A primeira unidade começou a crescer por meio do boca-a-boca na região – a viralização à moda antiga –, e a família se estabilizou por 13 anos com a operação. Em 2016, resolveram abrir a segunda clínica no centro da cidade. “Eu queria entender se clínica de periferia também daria certo no centro, com outro público e atingindo outras classes sociais”, diz Rafael. De acordo com o empreendedor, em menos de um ano o negócio já faturava 60% do que a clínica original obtia.

Com os bons resultados, eles resolveram que passariam a crescer por franquias. A família formatou o modelo e inaugurou a primeira unidade franqueada em 2017, em Hortolândia, cidade vizinha a Campinas. “Abrimos três unidades ao mesmo tempo, recebemos um convite para montar uma dentro de um supermercado. Ganhei uma úlcera no meio do caminho, mas deu certo. Conseguimos.”

Clínica da Cidade quer ir para cidades com menos de 150 mil habitantes (Foto: Divulgação)

Clínica da Cidade quer ir para cidades com menos de 150 mil habitantes (Foto: Divulgação)

No período em que a Clínica da Cidade se expandia, o mercado começava a voltar os olhos para serviços de saúde similares, como o Dr. Consulta. Rafael, no entanto, rejeita o rótulo de clínica popular. "Nossas consultas custam entre R$ 100 e R$ 150, e temos um grande foco também em exames. Não temos cartões de desconto ou outras práticas de clínicas populares. Preferimos dizer que somos acessíveis, mas não populares."

O fato de o negócio ter sido considerado um serviço essencial ao longo da pandemia contribuiu para atrair novos investidores. Em março do ano passado, a Clínica da Cidade tinha seis franquias e quatro unidades próprias. Hoje, são mais de 50, no total, sendo que mais da metade já está em funcionamento. “O SUS deixou de atender a muitas consultas eletivas e exames, o que acabou transbordando para nós. Optamos por não atender suspeitas de covid e tivemos que nos preparar rapidamente para atender essa demanda.” Além disso, ele diz que investidores em outros tipos de segmento quiseram diversificar os riscos.

Com a expansão, a Clínica da Cidade chegou a dez estados brasileiros. Agora, animados, os empreendedores lançaram um novo modelo de negócio, o Start, para atender cidades de até 150 mil habitantes. Além de acelerar a expansão, o foco com esse novo modelo de negócio é trazer mais médicos para administrar as clínicas. A meta é que 40% das unidades sejam de franqueados especialistas. Atualmente, a média orbita em torno de 10%.

O objetivo é ter 100 unidades até o final de 2022, com um faturamento de R$ 99 milhões, e 300 unidades em até cinco anos. Os modelos tradicionais de franquias da Clínica da Cidade, que vão de 160 a 310 metros quadrados, o equivalente a cerca de vinte consultórios, requerem investimentos de R$ 636 mil a R$ 973 mil. Já para o novo modelo, de 140 metros quadrados e quatro consultórios, o aporte necessário é de cerca de R$ 490 mil.

Apesar da opção reduzida, a rede também olha para capitais e grandes cidades. Nos próximos dois anos, só o Rio de Janeiro deve receber vinte unidades da Clínica da Cidade. Para isso, a empresa prevê um investimento de R$ 12 milhões. "Queremos também manter uma média de unidades próprias, além das franquias, que nos ajudam a testar novos procedimentos e ter um retorno mais rápido", afirma Rafael. 

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