O compositor baiano Dorival Caymmi, morto neste sábado (16) no Rio de Janeiro, nasceu em 30 de abril de 1914 em Salvador, na Bahia.
Filho de músicos amadores, ele cantou em coro de igreja e começou a compor aos 16 anos. A toada "No Sertão" é considerada sua primeira música.
Em seguida, por acaso, começou a se apresentar na Rádio Clube da Bahia. Em 1935, ganhou o programa "Caymmi e suas canções praieiras".
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Cantor de voz grave, violonista autodidata de estilo muito pessoal e compositor, ele alcançou sucesso nacional na Rádio Tupi com "O que é que a baiana tem", de 1938, que começou a ser composta em Salvador e foi lançada logo depois de ter se mudado com a família para o Rio de Janeiro. Ele fez a viagem de "ita", o navio que levava os imigrantes nordestinos para a sul.
A canção foi imortalizada por Carmem Miranda no filme "Banana da Terra", de Wallace Downey, e ajudou a definir a imagem de baiana com a qual a cantora ficaria mundialmente conhecida.
Consagrado durante a era do rádio, o compositor fez sambas-canções clássicos nos anos 40 (como "Só Louco" e "Marina", gravado por Dick Farney) e teve sua obra revalorizada com a bossa nova no final dos anos 50, tendo várias canções suas, como "Saudades da Bahia", "Samba da minha terra" e "Doralice", gravadas pelo também baiano João Gilberto. Caymmi foi considerado um dos precursores do movimento.
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Isso impulsionou a carreira internacional de Caymmi, que, em 1965, passou uma temporada de cinco meses em Los Angeles, onde gravou um álbum e participou do programa de Andy Williams -que gravou a versão americana da valsa "''Das Rosas", com letra de Ray Gilbert.
Caymmi era conhecido pelo seu processo criativo lento, em que uma canção poderia levar anos até ser concluída. Apesar disso, deixou uma obra extensa, com canções quase sempre inspiradas pelo mar, pelas mulheres e pelos pescadores da Bahia -apesar de ter morado longe da Bahia durante a maior parte da sua vida. O compositor gravou cerca de 20 álbuns e teve obras gravadas pelos principais intérpretes da música brasileiros.
Em 1984, ao completar 70 anos, o compositor foi homenageado com a Ordem das Artes e das Letras da França.
Nesse mesmo ano, Caymmi resolveu reduziu o ritmo dos shows e só aparecer em ocasiões especiais, como no vitorioso desfile da Mangueira no Carnaval do Rio de 1986, do qual foi tema.
Em 2006, ele voltou à Bahia depois de 11 anos para receber o Prêmio Nacional Jorge Amado de Arte e Literatura. De cadeira de rodas, ele recebeu o prêmio das mãos de Zélia Gattai, viúva de Jorge Amado.
Amado era um de seus grandes amigos. A canção "É doce morrer
no mar" foi inspirada em uma cena do romance de
Amado "Mar Morto", de 1936.
Caymmi era casado desde 1940 com a cantora Stella
Maris e deixa os filhos Nana, Dori e Danilo, todos eles também
músicos renomados. Ao completar 90 anos, ele foi homenageado
pelos filhos com um espetáculo e um álbum com suas músicas.